sexta-feira, 1 de junho de 2012

Preparando Meu Acorde


Nem sempre é necessário fechar os olhos, as memórias acontecem por um simples piscar.
Algumas estranhas artimanhas infelizmente sempre ajudam a manter uma ferida aberta. E a busca dessa cura parece sempre infinita.
Hoje ao acordar, olhei o parque e via tudo em neblina. Ao fundo, bem escondido entre as árvores, havia um garoto sentado na grama e sozinho tocava uma flauta.
Um som tranquilo trazia notas doces, mas seu semblante não tinha qualquer expressão de alegria. Reconheci, então, a música que saia daquele instrumento e lembrei-me da letra triste e dolorosa.
 Às vezes as músicas podem significar magia, harmonia para aqueles que as ouvem, mas o que ninguém vê é como ela foi composta. Como o autor se sentia naquela noite, dia, ou tarde calorosa? De onde vieram aquelas palavras? O coração estava esperançoso ou aflito?
Os sorrisos nem sempre se expressam por clareza, mas também por necessidade. Uma combinação sorriso e olhar é difícil de ser interpretada hoje em dia, e essa realmente revela entusiasmo.
Olhei-me no espelho, após aquele momento de reflexão, e só o que me vinha na cabeça era o som daquela música emitida por tal instrumento.
Será que meu sorriso tem sido por necessidade? Será que minha alegria tem sido algo para agradar os demais?
Quantas vezes eu não sei o motivo do sorriso ou de uma lágrima.
Que nada é como planejado, todos nós estamos cansados de saber. Entretanto, penso que nosso telhado é sempre de vidro: frágil e transparente; fácil de ver e de ser atingido. 
A vontade agora é de compor. Descobrir como o coração anda e ver quais notas podem ser tocadas. Quero saber o nível de entusiasmo do meu som e, então, tocar qualquer instrumento para que essa melodia possa, então, ser ecoada.
Não obstante infelizmente, vocês nunca vão saber o teor da minha música.




Finalizo
Murilo de Carvalho

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