quinta-feira, 23 de julho de 2009

Alô, Maria.

Recebi, hoje, um telefonema de Maria.
Ela estava muito entusiasmada.
Dizia precisar falar comigo, mas que preferia que fosse ao vivo.
Dessa forma, fui ao encontro dela.

Quando cheguei ao café, me deparei com um sorriso novo nos lábios de Maria.
Ansioso e curioso fui logo perguntando o que havia acontecido.
Maria disse: - Sente-se. E de prontidão o fiz.
Minha amiga de longa data disse que tinha uma novidade para me contar.
Milhões de pensamentos me ocorreram novamente. Digo novamente porque durante o percurso casa-café outros milhões de pensamentos me ocorreram; dos quais alguns se poderia classificar como graves. Entretanto, pelo sorriso interminável de Maria, aquilo me soava de bom tom.
Com um tom doce, suave, aquela mulher, que anos atrás se misturava a esfolados e arranhados, por conta de quedas dos seus patins, disse que tinha uma novidade.
Dizia ainda que talvez aos meus ouvidos aquilo poderia parecer estranho, por conheça-la tão bem.

- Jorge, eu sei que você me conhece há muitos anos.
- 13 anos para ser mais exato. – disse eu interrompendo.
- Sim. E nesses 13 anos muitas coisas mudaram. Crescemos, evoluímos, e hoje acredito começar uma nova fase da minha vida.
- Você está grávida? Como isso foi acontecer? Você não namora! Aliás, nunca namorou. Nem eu. Mas... Quem é o pai? Como...
- Jorge, não é nada disso. – interrompeu Maria. Escute-me. Prefiro que fique quieto até que eu realmente termine.
- Ok. – disse eu um tanto quanto aliviado. Pelo menos o convite para ser padrinho não aconteceria agora.
- Lembro-me da primeira vez que nos vimos: Fevereiro de 1997. Tínhamos 10 anos. Eu com inúmeras sardas naquela pele branca, quase transparente, e você com seus lindos olhos lilases e sua pele morena. Daí, quando eu sofri a queda na aula de Educação Física, você me ajudou a levantar. Ali nasceria nossa amizade. Depois foram lições de casa juntos, provas juntos, brincadeiras juntos nos inúmeros fins de semana. Também as brigas, as reconciliações... Como é bom saber que você compartilhou de momentos tão importantes na minha vida e que me permitiu fazer parte dos teus.
- É... – exclamei.
- Psiu. Disse para não me interromper.
- Descul...
- Shi! Continuando... E depois do colégio, nos distanciamos devido às faculdades serem em cidades diferentes. Mas a distância limitou-se apenas à presença física. Telefonemas, internet e sms sempre foram aliados à nossa amizade. Diante da nossa relação, até nossos pais se tornaram amigos e...
- Eu não aguento mais Maria! Por favor, fala logo!
- Está bem. Eu comecei assim porque quero que saiba o quanto nossa amizade é importante na minha vida. E como sempre compartilhamos tudo, quero que seja o primeiro a saber o que de novo acontece na minha vida.
- E o que seria?
- Jorge, assim como você eu nunca estive com alguém por muito tempo. Sempre beijos e tchau.
- E?
- Isso sempre aconteceu com a gente porque sempre priorizamos outras coisas. Eu sempre me dediquei à tão sonhada faculdade de Medicina. Você à tua de Engenharia Aeronáutica. E, assim, conquistamos. Todavia, os tempos mudaram e minhas prioridades agora são outras. Vejo-me em um estado que jamais havia passado; e olha que já passamos, juntos ou não, por coisas estranhas e diferentes. Eu sinto-me como uma criança que acaba de conhecer o mundo. Digo isso porque hoje o vejo de uma forma completamente diferente da qual costumava analisar. O mundo tem uma cor e um sabor diferente e...
- Maria, você está usando drogas?
- Jorge!
- Como assim o mundo tem cor e, mais, sabor?
- Jorge, eu pela primeira vez, depois de 23 anos estou descobrindo o que é estar apaixonada.
- Por favor, você me chama aqui e fala esse monte de besteiras e agora diz a maior delas: que está apaixonada. Você? A que nunca acreditou nesse tipo de coisas? Lógico, o óbvio. Eu também nunca acreditei nessas coisinhas.
- Meu amigo, eu não vou ficar brava com você, porque se eu estivesse no teu lugar, o mesmo eu diria, como disse em toda a minha vida. Aliás, até agora. Eu estou provando de algo novo. Algo que me trás surpresas diárias. Sempre achei que fosse feliz por conquistar aquilo que eu queria. No entanto, hoje eu sei que o meu coração era uma área da minha vida que eu ainda não tinha me preocupado em cuidar.
- Maria, isso tudo é muito estranho.
- Concordo. Para mim também foi difícil para que eu aceitasse. Mas hoje eu sinto que me isso me fez uma nova pessoa. E só lhe digo tudo isso porque sempre compartilhamos tudo. E quero que saiba como tudo isso mudou a minha vida. Não estou dizendo que você deva correr atrás de uma paixão, mas sim permitir que isso ocorra.
- Não consigo entender.
- Eu sei. Esse é o tipo de coisa que a gente só entende quando vive. Mas eu acho que te mostrando o que estou sentindo, você logo vai se permitir.
- Eu discordo.
- Ok. – disse Maria duvidando de mim.
- E quem é o cara?
- Ele faz faculdade comigo e estávamos ficando há algum tempo. Até que ele me pediu em namoro e eu recusei. Mas continuamos ficando. E as coisas foram mudando em mim. Eu descobri o que é o tal do ciúme e como ele deixa a gente com raiva. Mas também descobri que aquele cara me fazia sentir algo extraordinário. Pensar nele o dia todo. Sentir saudade. Ficar com um sorriso bobo, como eu estou agora, só de lembrar de coisas que temos vivido juntos. Foi, então, que eu voltei atrás e aceitei namorá-lo
Maria ria agora de uma forma que me deixou mais intrigado. Até fez-me rir com teu entusiasmo. Com tua forma nova de encarar a vida. Mas aquilo para mim ainda não tinha razão alguma. Mesmo vendo diferença.

Fui para a casa pensando muito em tudo que Maria havia me dito. No sabor novo, na forma também nova de olhar a vida.
Ao chegar em casa sentei-me na poltrona do meu quarto e me deparei comigo no espelho. Comecei a questionar-me sobre como andava tudo em minha vida. Sobre que eu andava priorizando.
Percebi, então, que minha vida andava sem objetivos. Que as metas que um dia eu havia traçado para mim mesmo, já haviam sido alcançadas.
Eu me formei e trabalhava na empresa que eu sempre desejei. Tinha uma vida profissional como à dos meus sonhos.
E agora? Quais eram minhas novas metas? Eu nem ao menos havia parado para pensar que minha vida andava sem objetivos.
Estabilidade. Comodismo. Sim, essas eram palavras que poderiam explicar resumidamente a minha vida atual.
E com toda a certeza, o que Maria havia me dito teve um grande peso. Fez-me refletir e pensar...
Será que eu preciso me apaixonar? Aliás, como diria Maria, será que eu preciso me permitir para que isso aconteça?

Com o passar dos dias, tudo o que Maria havia me dito começava a fazer mais sentido. Eu olhava ao me redor e via como as pessoas que se diziam apaixonadas tinham algo diferente no olhar.
Talvez estivesse aí a cor diferente que Maria me dizia. O brilho poderia trazer ou criar cores novas aos olhos dos apaixonados.

Mais dias.
Mais semanas.
Acabei me dando conta que queria provar da paixão.
Foi estranho no começo.
Ora, aquele cara que sempre se colocou disposto a não dar valor as coisas do coração, via agora se rendendo diante delas.

Começo a me sentir diferente.
Vejo que tenho uma meta a conquistar.
Tendo um objetivo, eu volto na perseverança que em toda a minha vida me acompanhou.
Não vou desistir enquanto não conquistar esse objetivo. Vou lutar.
Quem sabe... Um dia... Chego lá.

Finalizo.
Murilo de Carvalho.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Aquilo que está em mim.

Começo a me sentir escravo da escrita.
Em menos de 1 semana, esse já é meu segundo blog.
No entanto, achei necessário começar a escrever aquilo que passa dentro de mim.
Ou, às vezes, aquilo que ando maquiando.
Ou, ainda, aquilo que as pessoas me dizem sentir.

Faz tanto tempo...

Eu não consigo entender o porque a vida me traz momentos passados dos quais eu preferia nem lembrar.
E não porque eu quero apagar, visto que é a minha história, mas pelo simples motivo de que hoje essa não é mais a minha vida.

Como diria o Roberto: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi."
E é fato.
Logicamente não me entusiasmo em saber que as emoções vão e vem.
Todavia, qual o sentido disso tudo?

Hoje eu procuro algo que realmente me mobilize. Que me mova.
Mas quem disse que isso é fácil?

Se me perguntassem hoje qual meu estado de espírito, eu diria: Feliz, mas incompleto.
Concordo que se um dia estiver completo é melhor que eu parta dessa para uma melhor!
Se é que dá pra entender.
Porque começo a pensar, que chato seria viver uma vida em que tudo estivesse certo.
Que depressão seria não conquistar nada dia-a-dia.

Eu quero mais é me sentir quase completo. Ou seja, aquela sensação de que não falta mais nada, mas que na real falta e eu não sei.
Ao contrário do hoje.
Sinto-me total incompleto.

E mesmo vendo o quase completo, não consigo me entregar completamente aos novos fatos.
Sim, ainda estão novos por aqui.
No entanto, não canso de querer que o tempo voe.
Dessa forma, eu posso, então, sentir o novo não sendo mais uma surpresa.



Finalizo.
Murilo de Carvalho