terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Como será a próxima manhã?

Um sentimento sempre tem um peso.
Às vezes é leve como uma pena de um lindo pavão.
Outras vêm com o peso de um elefante africano.
E em nenhuma delas temos controle.

Quando a razão e a emoção batem de frente
Por mais que queira fazer do jeito mais tranquilo...
Por mais que tente da forma mais correta...
A fusão é que decide como se portar.

Fico pensando o dia de uma possível resposta.
Penso como será a reação, o semblante...
E o choro... Haverá?
Tantas perguntas!

Mesmo não querendo criar falsas expectativas
O ser humano insiste em pensar sempre pelo lado bom
Bom? Para quem?
Lado egoísta ou conservador?

O medo toma conta a cada segundo do dia.
A ausência física e também virtual.
A vontade de um oi ao vivo,
Ou de sentir aquele perfume.

Eu quero.
Preciso!
Não quero recomeçar novamente.
Só quero o pôr-do-sol na minha janela.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ampulheta Esmeralda

Tendo ele como o Senhor da Razão,
Espero.
Mas descansar não é um ato tão fácil.
Principalmente para o coração daqueles que querem doar.

Reclamo, murmuro...
Simples desabafos.
A vontade de gritar e de fazer acontecer...
Tiro da garganta da emoção.

Preciso do cheiro,
Clamo pelo toque,
Anseio pelo sabor.
Seguro ao máximo as gotas vindas dos olhos.

Sofrer pela razão da consciência tola.
Viver pela emoção de uma paixão reluzente.
Prefiro nortear para o melhor,
A não recomeçar pela dúvida.

A palma das minhas mãos transpira.
Suor originado da ansiedade.
Ah, ser perecível ao tempo me torna vulnerável.
Mas sei que ainda me resta o verde da flâmula.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Faixa Estreita

O coração se sente apertado.
Parece que meu peito está congelado
E o calor do sangue não propaga.
A angústia se instaura.

Como saber como agir
Se sei que faço o errado.
E mesmo insistindo nele
O certo grita por compaixão.

Dá-me uma chance!
Deixa-me lutar!
Eu preciso transbordar nesse vazio.
Anseio iluminar minha cegueira.

A garganta segura firme.
O grito tenta explodir a todo o momento.
Eu sei que o dia da verdade chegará.
E é nessa esperança que eu me apoio.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sintomas

Gosto do cheiro do teu perfume pela manhã.
Uma mistura de pureza e sensualidade.
Gosto de passar o nariz bem perto da tua bochecha
Para sentir bem de perto e ainda a textura da tua pele.

Gosto de passar a mão pelos teus cabelos
Lisos e pretos e sedosos.
Gosto de como eles caem pelo seu rosto
E como eles lhe dão este teu charme tão teu.

Gosto do brilho dos teus olhos.
E como eles mostram a verdade.
Gosto ainda mais quando os vejo tão marejados.
Por que sinto o quão verdadeiro é o que sentes.

Gosto do teu sorriso branco
Com dentes alinhados e médios.
Gosto como ele expressa tua indignação
E mais por mostrar quando estás tão alegre.

Gosto do toque das tuas mãos
De como elas caminham pelo meu corpo.
Gosto da força com a qual me seguras
E quando me chamas para o teu lado.

Gosto do sabor da tua boca
Da mistura da menta e do tabaco.
Gosto da maciez dos teus lábios
E da intensidade com a qual beija os meus.

Gosto de você.
De como ages.
Gosto mais quando estás ao meu lado...
E mais quando pensas em estar por muito tempo.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Scandinavia's Adventure

Fix your watch.
The time is now.
I’m so incredible, but I gotta go.
Deeply in Norway.

The ice is covering
A great white landscape.
No colors. No intense.
Just a figure of sadness.

I remember when September arrives.
The flowers make me bright.
Not only for your colors.
But also for your smell.

How beautiful doves were soaring in the sky
My face was wondered with the wind
And everything in the right place
As God know.

Now, I’m here, looking for a better place.
A place with glad and jubilees.
Away from the darkness.
So far of the midnight.

I’ll get up and go.
Through the ocean and the mountains.
And when I find this place.

I’ll be at home.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

domingo, 29 de novembro de 2009

Sentado, Esperando, Desejando

Não é necessário mudar,
Eu prefiro mudar a mim.
Prefiro seguir o seu gosto.
Ou ainda redimir o meu eu.

É estranho.
Mas às vezes claro.
Outras já se torna complicado,
Porém, a vontade é inevitável.

Cabe ao futuro.
Ou ao incerto destino.
Porque mesmo com os anseios do bom presente,
O passado torna o receio algo intenso.

Quero os sorrisos da manhã.
Quero os cheiros do anoitecer.
Espero os abraços da ida.
Sonho todos os dias com os beijos da volta.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

sábado, 28 de novembro de 2009

Brincando de se Kafka

Como um ovo:
Tenho tudo o que preciso para começar.
O alimento para o meu desenvolvimento é o bastante.
E a proteção é completa.

Como uma larva:
Minha vida está em pleno progresso.
A independência e a mobilidade são minha lei.
Todavia não me sinto acabado.

Como um casulo:
Sinto-me envolto por uma carapaça.
O ar não penetra, nem a água permeia.
Proteção absoluta a favor de mim.

Como uma imago:
Agora tudo está perfeitamente definido.
Flores e frutas são meu meio de sobrevivência
A liberdade é o meu limite.

Passei por muitas transformações.
Porém a vida não se cansa de mudar.
A constância é perpétua.
Basta esperar aprender a lidar com a nova vida de cada dia.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sweet, Dulce, Doux... Doce.

Escutei o cantar dos pássaros.

Lógico, após o som do despertador.

Revirei-me na cama e senti:

Um novo dia está por vir.


O celular toca e eu sei o que escuta.

“- Bom dia!”

Como poderia seguir minha rotina

Sem aquele despertar tão leve daquela voz.


Antes eu não precisava.

Mas depois de seguir que provamos do doce

Como acostumar com o amargo?

Ou com o sem sal?


Doce sabor dos lábios.

Doce ouvir da voz.

Doce toque das mãos.

Doce fixar dos olhos.


Provo a cada dia um novo açúcar:

Nem mascavo, nem refinado.

Nem orgânico, nem mel.

É o doce que exala felicidade.




Finalizo.

Murilo de Carvalho

sábado, 24 de outubro de 2009

Canção da Existência

Sinfonia de uma nova melodia,

Letras de uma nova música,

Os tons começam a se encaixar,

As notas se encontram no ar.


Ouça o som bem de perto,

Aumente bem o volume do propagador,

Sintonize na frequencia correta,

E... Cante.


Coloque pra tudo o que tem dentro do pulmão,

Através da boca, cause a melhor sonoridade possível,

Deixe as cordas vocais vibrarem em sincronia,

Mostre ao mundo do que você é capaz.


Como uma música a vida nos faz flutuar.

As ondas transmitem um vigor novo.

É um animo que hora antes não era conhecido.

Mas aos ouvidos começa a parecer belo.




Finalizo.

Murilo de Carvalho

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uma Nova Droga

As situações às vezes parecem ser engraçadas.

Digo engraçada porque causa riso.

Tem horas que você pensa que não há o que fazer.

E, então, somos surpreendidos.


Toda surpresa causa espanto, já diziam.

Mas quem disse que surpresas são coisas ruins?

Eu pelo menos afirmo que a vida tem me dado boas surpresas.

Grandes, até. E totalmente inesperadas.


Sinto uma overdose de alegria.

As veias parecem querer explodir.

Já não me sinto apenas completo,

Mas transbordante.


Não há nada mais curioso do que viver um sentimento.

E mesmo que você não saiba nomeá-lo ou quantificá-lo,

A questão é somente uma:

O corpo, a alma, acabam por se tornar parte do coração.


Impossível descrever o tempo de duração.

Mais ainda é relatar como e porque acontece.

Só quero sentir e deixar acontecer.

E não me preocupar com o dia que nascerá amanhã.




Finalizo.

Murilo de Carvalho

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Surtação (des)Necessária.

Não dá pra entender o motivo de certas atitudes.
Menos ainda dá pra saber o porque passamos por elas.
E aí entramos em conflito interno:
Tudo isso é necessário?

Em momentos acredito que essa necessariedade é válida.
Visto que aprendemos diante de novas e irreverentes situações.
Aprendemos a pular ondas e ainda saltar de penhascos.
O importante disso tudo é saber curar as feridas.

No entanto, em outros momentos...
Pode-se perceber que já passamos pela mesma cilada.
E, assim, vimos que isso se torna desnecessário enfrentarmos.
Visto que a luta já não é mais algo que queremos alcançar.

Mas como deixar de enfrentar algo que te motiva?
Algo que te faz sentir uma vontade incomparável?
Que te faz querer viver de uma forma nova?
Como parar com tudo isso?

A luz continua acesa.
Mas ora perto, ora tão longe.
Muitas vezes, muito longe.
Outras vezes, perto até demais.

Queria um poço de soluções,
Um mar de esclarecimento,
Aquele vento que arrasta,
Ou aquele sol que me faz sorrir.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só basta o querer.

Quando a vida começa a dar sinais de escuridão,
Temos mais que depressa perceber que abrir os olhos é o melhor a se fazer.
Depois de 3 dias que a luz não está tão brilhante,
Parece que o Sol fez renascer tudo novamente.
Mas o mais incrível é que mesmo a luz não estando tão brilhante,
Ela ainda existia, fraca mas existia.

O querer transforma.
O querer renova.
O querer alimenta.
O querer reaviva.

Por isso eu quero.
Aliás, é além disso:
Eu desejo.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

domingo, 13 de setembro de 2009

Nada Ficou no Lugar.

E tudo que restou naquele espaço foi um vazio.
Vazio que por meses foi local de preenchimento.
Preenchia-me de uma forma diferente.
Tinha gosto de doce,
Apesar dos amargos que enfrentei.

Quando me sentei para lembrar tudo que ali havia acontecido
Não senti magoa, tristeza ou algo de intensidade negativa.
Tudo me pareceu necessário.
Foi tido para mim como algo de destino.
“Tudo aquilo tinha que ter acontecido”.

Sinto-me triste apenas pelo que poderá vir da ausência.
Mas agora no vazio, vejo que outro lugar pode me preencher.
E dessa forma resolvi dar um passo atrás.
Busquei aquilo que realmente mais me importava.
A minha felicidade real.

Não fugi.
Não me distanciei.
Apenas me atrai daquilo que certamente me manterá cheio.
Logicamente faltarão coisas daquele vazio.
Mas é apenas um detalhe.
Novas coisas, novos ares, novas intensidades.

Recomeço de vida.
Recomeço de sonhos.
Recomeço de “everything”.
Não há mais inteligente de sentir.
Quando você tem a certeza de que
Você está evoluindo.
Finalizo.
Murilo de Carvalho

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Angústia.

Às vezes sinto dor.
Dor por não saber como agir.
Sei o que é correto.
Mas quem disse que a emoção deixa a razão falar?

Dias brandos.
Noites tempestuosas.
Queria abraçar para sentir o cheiro.
Poder tocar para sentir a pele.

E novamente dúvidas me são causadas.
Mas isso passa em segundos.
E acontece porque o coração reclama.
Grita por querer amar.

A distância aflora muito mais esses sentimentos.
Então, faço o que?
Choro pela saudade,
Ou deixo-me doer pela verdade?

Tenho medo de por momentos caminhar sozinho.
Mas mais ainda porque eu sei que meus passos podem ser guiados.
Entretanto, quem disse que é fácil?
Aceitar o divino não é algo tão natural.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Escolha dos meios.

Não há nada mais puro que um belo olhar.
Aquele que te pega pela manhã.
Aquele que é o primeiro da manhã.

Não há doçura maior que um simples sorriso.
Aquele que te acalma.
Aquele que te encanta.

Por isso escolho olhares e sorrisos.
Por saber que deles tenho retorno exato.
Retorno preciso.

Escolho o teu olhar e o teu sorriso.
Pois sei que eles me chocam.
Pois sei que eles são o renascer da minha paixão.


Finalizo.
Murilo de Carvalho

domingo, 30 de agosto de 2009

Raio de Sol.

Tudo começou muito escuro.
Um teto, um vidro, dois bancos...
Esses últimos se tornariam em um único.

Bocas se misturando.
Gosto? Doce. Suave.
Lábios ardentes.
Mas estava um tanto quanto frio.
Quase não havia suor.
E tudo estava bem trancado.

Corpos começaram a se misturar.
Vontade de um querer maior que já existira.
Desejo de um final completo.
Final?
Sim, às vezes não há um começo e o final já está por vir.

Faltou sentir as manias, os defeitos...
Faltou conhecer a cor preferida e o doce também.
Mas e a intensidade?
Como diriam os antigos:
"Parecia mais de ano".
Era tudo tão bonito.

E quando finalmente os corpos se encheram de vigor.
Tudo que estava escuro deu lado a raios infinitos da nossa estrela maior.
O Sol cuidava de iluminar todo o momento do prazer.

Um adeus.
Um até logo.
Um em breve?
Não dá pra se ter certeza.
A única certeza na verdade é que foi pra sempre.
Porque a nossa memória não apaga aquilo que foi belo.

Obrigado.
Deus, obrigado.
Pois destes a mim o gosto mais intenso que já provei.
E a ti... PNC.
Porque qualquer palavra aqui seria muito pequena.
Pequena ao ponto de expressar qualquer coisa perto do que significou.

Na varanda...
Continuo olhando para o Sol.

Ele agora queima minhas bochechas por sua potencialidade.
Sinto-as ardendo.
Tanto que posso até ver que estão se avermelhando.
Mas as lágrimas lavam os meus pés para que eu posssa voltar a andar.

Jamais esquecerei o brilho intenso do raio de Sol.
Não aquele que entrou pelo vidro.
Nem ao menos aquele que vi pela varanda pela manhã.
Mas sim, aquele que vi refletido nos teus olhos quando os vi pela última vez.


Finalizo.
Murilo de Carvalho

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nos Segundos do Relógio.

Espero.
Aguardo.
Respiro.

Ah, o tempo às vezes nos impede de sonhar como queremos.
Mas eu simplesmente penso, atualmente, como o tempo é realmente o Senhor da Razão.
Não adianta ficar planejando.
A hora certa é uma só.

Que bom que a hora chegou.
Tenho visto os lírios crescendo no campo de uma forma tão intensa.
Olhai, olhai, olhai.
Os lírios crescem mesmo.

Filtrando aquilo que exala esperança.
Sonhando com aquilo que me revela o futuro.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Naquele horizonte.

Às vezes a sorte de um mundo novo pode parecer interessante.
Porém, em outros momentos isso pode parecer intrigante.
Nem sempre a luta de se fazer valer a pena é o bastante.
A questão maior é: saber se quer fazer isso valer a pena.

Em muitos momentos já tive decisões concretas.
Hoje, elas apenas me parecem a mais viável.
No entanto, arriscar sempre é necessário.
E ter a vontade de arriscar é algo ainda mais glorioso.

Vindo de uma energia que nem sempre é certa,
O fazer o que é possível é algo momentaneo.
Mas... Para ter coisas que você nunca teve,
É necessário fazer coisas que você nunca fez.

Não é regredir.
Nem tão pouco voltar no tempo.
É ver à frente horizontes que são mais paupáveis.
Horizontes que você sabe onde vão terminar.

Na linha em que o céu se encontra com a terra.
Ou até mesmo com o mar.
O horizonte certo é aquele que move o coração do abalado.
Que instiga a alma do descrente.

Como diria Mario Quintana:
"Quero ter a certeza que no final valeu a pena".
Mas como diria eu:
Quero ter a certeza que no final o valer a pena foi obra minha.


Finalizo.
Murilo de Carvalho.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mudança.

Olhos cheios.
Olhos cansados.
Olhos esperançosos.
Olhos sedentos.
Olhos.

Olhos com vontade de sonhar.
Olhos com medo de enfrentar.
Olhos com intenção de voar.
Olhos com magia de acreditar.
Olhos.

Aqueles olhos que sempre estiveram no mesmo lugar.
Agora, esses mesmos olhos pretendem se mudar.
Nova moradia?
Ainda incerta.
Mas a certeza é uma só: os mesmos se movem pela emoção do ar.


Finalizo.
Murilo de Carvalho.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Alô, Maria.

Recebi, hoje, um telefonema de Maria.
Ela estava muito entusiasmada.
Dizia precisar falar comigo, mas que preferia que fosse ao vivo.
Dessa forma, fui ao encontro dela.

Quando cheguei ao café, me deparei com um sorriso novo nos lábios de Maria.
Ansioso e curioso fui logo perguntando o que havia acontecido.
Maria disse: - Sente-se. E de prontidão o fiz.
Minha amiga de longa data disse que tinha uma novidade para me contar.
Milhões de pensamentos me ocorreram novamente. Digo novamente porque durante o percurso casa-café outros milhões de pensamentos me ocorreram; dos quais alguns se poderia classificar como graves. Entretanto, pelo sorriso interminável de Maria, aquilo me soava de bom tom.
Com um tom doce, suave, aquela mulher, que anos atrás se misturava a esfolados e arranhados, por conta de quedas dos seus patins, disse que tinha uma novidade.
Dizia ainda que talvez aos meus ouvidos aquilo poderia parecer estranho, por conheça-la tão bem.

- Jorge, eu sei que você me conhece há muitos anos.
- 13 anos para ser mais exato. – disse eu interrompendo.
- Sim. E nesses 13 anos muitas coisas mudaram. Crescemos, evoluímos, e hoje acredito começar uma nova fase da minha vida.
- Você está grávida? Como isso foi acontecer? Você não namora! Aliás, nunca namorou. Nem eu. Mas... Quem é o pai? Como...
- Jorge, não é nada disso. – interrompeu Maria. Escute-me. Prefiro que fique quieto até que eu realmente termine.
- Ok. – disse eu um tanto quanto aliviado. Pelo menos o convite para ser padrinho não aconteceria agora.
- Lembro-me da primeira vez que nos vimos: Fevereiro de 1997. Tínhamos 10 anos. Eu com inúmeras sardas naquela pele branca, quase transparente, e você com seus lindos olhos lilases e sua pele morena. Daí, quando eu sofri a queda na aula de Educação Física, você me ajudou a levantar. Ali nasceria nossa amizade. Depois foram lições de casa juntos, provas juntos, brincadeiras juntos nos inúmeros fins de semana. Também as brigas, as reconciliações... Como é bom saber que você compartilhou de momentos tão importantes na minha vida e que me permitiu fazer parte dos teus.
- É... – exclamei.
- Psiu. Disse para não me interromper.
- Descul...
- Shi! Continuando... E depois do colégio, nos distanciamos devido às faculdades serem em cidades diferentes. Mas a distância limitou-se apenas à presença física. Telefonemas, internet e sms sempre foram aliados à nossa amizade. Diante da nossa relação, até nossos pais se tornaram amigos e...
- Eu não aguento mais Maria! Por favor, fala logo!
- Está bem. Eu comecei assim porque quero que saiba o quanto nossa amizade é importante na minha vida. E como sempre compartilhamos tudo, quero que seja o primeiro a saber o que de novo acontece na minha vida.
- E o que seria?
- Jorge, assim como você eu nunca estive com alguém por muito tempo. Sempre beijos e tchau.
- E?
- Isso sempre aconteceu com a gente porque sempre priorizamos outras coisas. Eu sempre me dediquei à tão sonhada faculdade de Medicina. Você à tua de Engenharia Aeronáutica. E, assim, conquistamos. Todavia, os tempos mudaram e minhas prioridades agora são outras. Vejo-me em um estado que jamais havia passado; e olha que já passamos, juntos ou não, por coisas estranhas e diferentes. Eu sinto-me como uma criança que acaba de conhecer o mundo. Digo isso porque hoje o vejo de uma forma completamente diferente da qual costumava analisar. O mundo tem uma cor e um sabor diferente e...
- Maria, você está usando drogas?
- Jorge!
- Como assim o mundo tem cor e, mais, sabor?
- Jorge, eu pela primeira vez, depois de 23 anos estou descobrindo o que é estar apaixonada.
- Por favor, você me chama aqui e fala esse monte de besteiras e agora diz a maior delas: que está apaixonada. Você? A que nunca acreditou nesse tipo de coisas? Lógico, o óbvio. Eu também nunca acreditei nessas coisinhas.
- Meu amigo, eu não vou ficar brava com você, porque se eu estivesse no teu lugar, o mesmo eu diria, como disse em toda a minha vida. Aliás, até agora. Eu estou provando de algo novo. Algo que me trás surpresas diárias. Sempre achei que fosse feliz por conquistar aquilo que eu queria. No entanto, hoje eu sei que o meu coração era uma área da minha vida que eu ainda não tinha me preocupado em cuidar.
- Maria, isso tudo é muito estranho.
- Concordo. Para mim também foi difícil para que eu aceitasse. Mas hoje eu sinto que me isso me fez uma nova pessoa. E só lhe digo tudo isso porque sempre compartilhamos tudo. E quero que saiba como tudo isso mudou a minha vida. Não estou dizendo que você deva correr atrás de uma paixão, mas sim permitir que isso ocorra.
- Não consigo entender.
- Eu sei. Esse é o tipo de coisa que a gente só entende quando vive. Mas eu acho que te mostrando o que estou sentindo, você logo vai se permitir.
- Eu discordo.
- Ok. – disse Maria duvidando de mim.
- E quem é o cara?
- Ele faz faculdade comigo e estávamos ficando há algum tempo. Até que ele me pediu em namoro e eu recusei. Mas continuamos ficando. E as coisas foram mudando em mim. Eu descobri o que é o tal do ciúme e como ele deixa a gente com raiva. Mas também descobri que aquele cara me fazia sentir algo extraordinário. Pensar nele o dia todo. Sentir saudade. Ficar com um sorriso bobo, como eu estou agora, só de lembrar de coisas que temos vivido juntos. Foi, então, que eu voltei atrás e aceitei namorá-lo
Maria ria agora de uma forma que me deixou mais intrigado. Até fez-me rir com teu entusiasmo. Com tua forma nova de encarar a vida. Mas aquilo para mim ainda não tinha razão alguma. Mesmo vendo diferença.

Fui para a casa pensando muito em tudo que Maria havia me dito. No sabor novo, na forma também nova de olhar a vida.
Ao chegar em casa sentei-me na poltrona do meu quarto e me deparei comigo no espelho. Comecei a questionar-me sobre como andava tudo em minha vida. Sobre que eu andava priorizando.
Percebi, então, que minha vida andava sem objetivos. Que as metas que um dia eu havia traçado para mim mesmo, já haviam sido alcançadas.
Eu me formei e trabalhava na empresa que eu sempre desejei. Tinha uma vida profissional como à dos meus sonhos.
E agora? Quais eram minhas novas metas? Eu nem ao menos havia parado para pensar que minha vida andava sem objetivos.
Estabilidade. Comodismo. Sim, essas eram palavras que poderiam explicar resumidamente a minha vida atual.
E com toda a certeza, o que Maria havia me dito teve um grande peso. Fez-me refletir e pensar...
Será que eu preciso me apaixonar? Aliás, como diria Maria, será que eu preciso me permitir para que isso aconteça?

Com o passar dos dias, tudo o que Maria havia me dito começava a fazer mais sentido. Eu olhava ao me redor e via como as pessoas que se diziam apaixonadas tinham algo diferente no olhar.
Talvez estivesse aí a cor diferente que Maria me dizia. O brilho poderia trazer ou criar cores novas aos olhos dos apaixonados.

Mais dias.
Mais semanas.
Acabei me dando conta que queria provar da paixão.
Foi estranho no começo.
Ora, aquele cara que sempre se colocou disposto a não dar valor as coisas do coração, via agora se rendendo diante delas.

Começo a me sentir diferente.
Vejo que tenho uma meta a conquistar.
Tendo um objetivo, eu volto na perseverança que em toda a minha vida me acompanhou.
Não vou desistir enquanto não conquistar esse objetivo. Vou lutar.
Quem sabe... Um dia... Chego lá.

Finalizo.
Murilo de Carvalho.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Aquilo que está em mim.

Começo a me sentir escravo da escrita.
Em menos de 1 semana, esse já é meu segundo blog.
No entanto, achei necessário começar a escrever aquilo que passa dentro de mim.
Ou, às vezes, aquilo que ando maquiando.
Ou, ainda, aquilo que as pessoas me dizem sentir.

Faz tanto tempo...

Eu não consigo entender o porque a vida me traz momentos passados dos quais eu preferia nem lembrar.
E não porque eu quero apagar, visto que é a minha história, mas pelo simples motivo de que hoje essa não é mais a minha vida.

Como diria o Roberto: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi."
E é fato.
Logicamente não me entusiasmo em saber que as emoções vão e vem.
Todavia, qual o sentido disso tudo?

Hoje eu procuro algo que realmente me mobilize. Que me mova.
Mas quem disse que isso é fácil?

Se me perguntassem hoje qual meu estado de espírito, eu diria: Feliz, mas incompleto.
Concordo que se um dia estiver completo é melhor que eu parta dessa para uma melhor!
Se é que dá pra entender.
Porque começo a pensar, que chato seria viver uma vida em que tudo estivesse certo.
Que depressão seria não conquistar nada dia-a-dia.

Eu quero mais é me sentir quase completo. Ou seja, aquela sensação de que não falta mais nada, mas que na real falta e eu não sei.
Ao contrário do hoje.
Sinto-me total incompleto.

E mesmo vendo o quase completo, não consigo me entregar completamente aos novos fatos.
Sim, ainda estão novos por aqui.
No entanto, não canso de querer que o tempo voe.
Dessa forma, eu posso, então, sentir o novo não sendo mais uma surpresa.



Finalizo.
Murilo de Carvalho