terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vedação.

Há uma diferença entre não saber quem você é e se aceitar, mesmo sabendo quem realmente é. 
No entanto, nos dois casos, há um grande erro: a fuga.



Sejam putas. Sejam santos. Sejam um pouco de cada. Não importa.
Sejam engraçados, hilários. Sejam carrancudos e sem humor algum.
Imitem quem vocês acham interessante. Evitem quem vocês repudiam.
Mas, por favor, encarem.
Não forcem ou tentem convencer pelo drama.
Parem de pedir por uma segunda chance. A primeira já foi dada e se foi mal usada é uma consequência que você vai passar sozinho; ninguém é obrigado a escutar lamentação alheia.
Convençam a si mesmo e parem com a tentativa de fazer pessoas comprarem alguém que você não tem estrutura para ser.
E por último, mas não menos importante: não me encham o saco.




Finalizo.
Murilo de Carvalho

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

(Forçada)Mente Enfrentando a Realidade

Faz alguns dias que tento escrever sobre isso, mas eu não encontro tempo e nem as palavras certas. Mas eu nem quero que saia tudo certinho, eu só quero que saia. Eu recebi notícias e descobri que foi o melhor que poderia ter me acontecido. E depois eu fui escutar a música que mais me fazia lembrar de você. Coloquei meus fones, sentei no chão e encostei na cama. Deixei aquele vento tomar conta do meu rosto e todas aquelas palavras entrarem. Eu precisava entender o que se passava e a sensação não poderia ser diferente.

Não é um bom momento pra você, talvez nem seja pra mim também, mas eu sei que estou melhor, que meus passos têm acontecido um pouco mais largos que os seus. Mas eu gostaria que você soubesse que mesmo assim eu não fiquei feliz. Eu sei que querer quebrar correntes seja uma das opções, entretanto, quem disse que hoje é dia de indulto?

Mas quero dizer que tudo agora faz sentido. Sair e sentar em uma mesa feita pra dois nem é mais um grande problema, eu já aceito mais tranquilamente que antes. Acredito que esse processo de aceitação aconteceu ainda melhor quando eu deixei de querer que você fosse a companhia naquele jantar japonês ou para aquele café de um sábado em uma manhã qualquer. Eu prefiro que alguém venha perguntar se aquele outro assento está liberado e possa levar a cadeira.

Acho que consciente, ou até inconsciente, eu já busquei o seu rosto nos meus sonhos, mas nenhuma vez foi agradável. Hoje eu já não tenho mais essa preocupação, será apenas mais uma face em meio àquele preto e branco que meus pensamentos sonolentos costumam acontecer. Eu nem estou perto daquilo que gostaria de chegar, mas eu sei que a cada dia a distância que adquiro do que vivi é o melhor que tem me acontecido. E aí sim eu sorrio com força.

Eu escrevo e nem quero que você leia, porque ainda guardo coisas boas como algumas viagens despretensiosas e o quanto a noite era tão mais feliz quando a gente estava juntos, mas eu descobri novas formas de fazer com a minha noite tenha ótimos sabores e me tragam, assim, prazeres verdadeiros. Falo sobre verdade porque você, eu e todo mundo sabemos que a mentira foi o maior parceiro nessa trilha cheia de buracos e precipícios. Mas já me desviei de todos e já me curei dos machucados causados por tantos tropeções massantes.

Eu apenas não me lembro de ter dito adeus quando fui embora. Eu recolhi todas as minhas malas e aquelas garrafas que eu colecionava. Joguei tudo atrás da camionete e dirigi, sem rumo, aquela noite toda. E tudo isso nem foi por remorso, rancor ou ódio, como você deve concluir. Fiz isso apenas porque essas pontes que eu construí me fazem encontrar caminhos muito melhores.





Finalizo.
Murilo de Carvalho

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Doces desejos abandonados de uma lembrança inacabada.

Oito anos. Caramba, como o tempo passa rápido! Ou nem tanto assim, porque eu lembro exatamente a cor da sua blusa naquela tarde fria que, enfim, nos encontramos. Um azul Royal que deixava toda a sua pele branca tão linda. Você ficava com aquele rosto todo vermelho de vergonha a cada palavra e com aquele sotaque que soava tão familiar. E eu lembro também que aquele dia foi tão rápido, mas podia ter durado a eternidade. Eu me lembro de tudo. Tudo mesmo.

Ah... Faz tanto tempo em que tivemos nossa última conversa que eu nem sei por onde você anda agora. A distância deixou de ser só física há alguns anos. Três, pelas minhas contas. E isso me faz pensar que os planos não eram esses; os nossos planos. Fizemos e construímos juntos, mas eu joguei tudo pela janela. Eu tive tanto medo... Um medo de perder o que eu já tinha conquistado, ou de ficar sem coisas que eu amava e que eu sei que me fariam falta. E eu simplesmente não dei bola para o quanto eu sentiria a falta de ter você. E isso dói toda a vez que eu escuto a Kelly Clarkson cantar. Não precisa ser exatamente “Beautiful Disaster”, mas as músicas dela me lembram do quanto eu perdi. De tudo o que eu deixei de viver com você.



Lembro, ainda hoje, dos nossos aniversários e das conversas longas pelo telefone, principalmente aquelas que a gente tinha que fazer escondidos. Eu não podia ser descoberto e você fazia tudo tão certo que eu me sentia seguro. Acho que esses eram os únicos momentos que eu não sentia medo, ou que pelo menos você me ajudava a disfarçar com superdoses de alegria. Você me deixava viciado naquele sentimento e tudo isso só me fazia bem.

Aquela falsa reabilitação; uma prisão. Eu não conseguiria sozinho e, mesmo tão longe, foi você quem me ajudou a superar dia após dia, sem perder as esperanças. Mas eu não achei mais justo com você, mesmo tendo você com tanta segurança e otimismo. Mesmo ouvindo quase todos os dias que aquilo tudo estava próximo de acabar e que estaríamos juntos logo. Você não tem ideia do quanto eu me sentia abraçado quando você me dizia “eu nunca vou desistir da nossa história”. E eu não consegui.

Eu desisti. Eu fugi. Eu corri o mais longe possível. Eu ignorei o meu primeiro amor. Eu deixei pra trás quem merecia o meu amor e a minha total gratidão. E você só teve notícias minhas depois de mais de um ano quando voltei de Londres. Você nem imaginava o que eu tinha passado ou se eu ainda estava vivo. Mas eu só tinha fugido de você. Eu nunca tive coragem de lhe dizer, mas ninguém me obrigou a ir, eu só não conseguia aceitar o meu erro de deixar você. Aquilo me corroía, porque eu sabia que a culpa era só minha.


Eu quase tive um ataque cardíaco quando vi você novamente. Mudo e estático. Mas eu sabia que a sua vida tinha tomado um rumo melhor e eu só atrapalharia naquele momento. Eu parti novamente, no entanto, consciente de que eu não era bom o bastante pra você. Eu poderia ter ficado, mas não duraria muito tempo. O melhor foi deixar suas forças renascerem com aquela boa impressão de que você nunca fez algo errado. Verdade nua e crua. Parece clichê, mas o problema realmente foi comigo. O erro fui eu.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A melhor decisão para o meu momento.


Eu fiquei muito tempo sem deixar que meus sentimentos saíssem. Mas nem foi por intenção que eles ficaram presos, porque eu nunca desejei um local secreto para eles morarem. Eles se travaram. Só isso.

Já levei tanta martelada que os calos do coração parecem nem doer mais. Entretanto, sei que vão doer ainda algumas vezes e, por isso, inconsciente ou não, eu decidi começar a andar em cascas de ovos.

Vou aos poucos, mas ainda não consegui ir. Passos curtos e pequenos. Às vezes só realinho os pés para mostrar a mim mesmo que eu me mexi e estou tentando fazer algo diferente. E realmente estou, mas com calma.

Bobagem? Enganar a mim mesmo? Para! Isso seria mais fácil. Hoje, porém, eu prefiro agir assim e me sentir bem desse jeitinho. Qual o problema em querer ter mais cautela? Eu quero ser balançado, mas não de um lado para o outro.

Canso-me só de pensar em novas oportunidades, porque tudo me parece vago o bastante para desistir no primeiro tropeção. Talvez se decidirem me chacoalhar, a melhor forma seja me jogando para o chão, um lugar que eu sempre procurei abrigo.

Mas isso aqui nem ao menos é uma dica. Não basta força nos braços ou agilidade mental. Quem sabe, por lidar melhor com, as palavras sejam onde minha fraqueza mora. (E novamente isso não é uma dica, ok?).

Talvez você que esteja lendo tenha toda essa perspicácia, mas eu nem sei se eu gostaria que você lesse isso. Eu só estou enchendo mais uma lauda com meus sentimentos e decidindo qual o sabor de sorvete eu vou tomar quando acabar.


É... Pistache.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quiçá eu esteja esperando.




“Eu fiz isso por motivos de...”. “Se eu tivesse tempo...”. “Amanhã eu começo...”. Até quando você vai continuar se enganando com desculpas que só fazem o seu tempo passar e você envelhecer?

Não estou falando isso para que você se sinta tocado, é que eu apenas me canso de não ver respostas imediatas que mostrem crescimento e maturidade nesse mundo ideal que você diz viver.

Eu já virei para o meu espelho algumas vezes e falei isso. Meus amigos e as pessoas que vivem ao meu redor, por algum motivo em algum momento da minha vida, certamente já escutaram tais desculpas saindo de mim.

Para sair de casa, para recomeçar a academia, para comer a quantidade certa, para comer menos chocolate. Mas eu sou do tipo que se eu decidir valeu a pena esperar e vai durar uma eternidade.

Eu só não suporto você me ligar e dizer que “queria”, “gostaria” ou “saberia”. Chega de condições! Eu só quero ver você agir e me mostrar que eu posso confiar pra apertar esse “play” que está começando a enferrujar.

Amanhã eu não vou esperar você me ligar. Amanhã eu quero que você apareça. Mas, por favor, não diga nada. Apareça e me mostre porque eu devo deixar você ficar. Depois, talvez, a gente pode ter essa conversa.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Apenas porque você não permitiu.



Talvez eu nunca tenha pensado em escrever sobre você. Talvez o grande motivo seja porque você não aconteceu. Pensando bem quase aconteceu. Eu fico relembrando todas as vezes que nós podíamos ter acontecido em quase cem por cento, ou pelo menos naquela quantidade que eu acreditaria ser suficiente.

Mas realmente nunca ter escrito sobre você me causou um vazio nessa manhã, que mistura chuva e um sol bem amarelado de uma primavera inconstante. Uma inconstância que combina perfeitamente com os meus sentimentos por você quando lembro que o “nós” não aconteceu e, certamente, jamais vai acontecer.

Você partiu depois de não chamar mais por mim e ir em busca de quem nem tinha mais a ver com a sua essência. Mas para mim não bastava um pedacinho, eu queria a melhor parte e eu não tive como impedir. Você foi. Eu fiquei. Simples assim. E ninguém mais soube explicar o porquê apenas foi desaparecendo.

Eu chorei um dia inteiro. Sim, eu acordei e me banhei do meu próprio choro e só parei quando o dia realmente anoiteceu. As lágrimas não eram pela perda da melhor cama, das divertidas risadas e das comilanças descontroladas que você me impunha e eu aprendi a me deliciar. Era a perda de quem eu ainda nem ao menos tinha conquistado.

Você foi. Eu fiquei. E até hoje você não faz ideia do quanto doeu – acho que nunca vai ter essa noção. E nos encontramos só mais uma vez, e eu nem pude te abraçar. Eu nem pude olhar você direito. Eu tive medo dos seus olhos verem os meus. Eu tive orgulho em demonstrar que eu nunca fiquei bem quando você decidiu não voltar mais.

Eu escrevo hoje para que eu saiba que você realmente não aconteceu. E eu também não aconteci para você. Eu teria amado e teria ensinado a você com muita calma a sentir o mesmo, mas não calhou. Eu guardo ainda aquela “parte de mim” que presenciamos juntos e talvez seja essa a minha última lembrança de você.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

sábado, 9 de março de 2013

Não Se Fazem Narizes Vermelhos Como Antes


E essa necessidade que as pessoas têm em chegar à conclusão de quem é o mocinho e quem é o vilão? Bom, pelo menos eu não fiquei com a última caracterização. Talvez até tenha ganhado uma caracterização de ausência de sanidade, visto que há sempre outra necessidade daqueles que estão em desvantagem procurar pela culpa alheia.

Mas basta. Agora, enfim, não há mais necessidade alguma em se fazerem culpados e o cerco se fechou pelo podre e nojento circulo da vaidade. Vaidade esta que é vista em textos despretensiosos, imagens que falam as verdades da falta de caráter e vozes que dizem mais do realmente vão alcançar.

Chega a ser engraçado pelo circo que foi armado. E não me vejo no centro de tal picadeiro, pois eu... Eu simplesmente assisti toda a essa encenação com receios, mas ainda assim tive coragem. E o palhaço tomou conta de um espaço que mal se fazia dele, pois nada era assim tão direcionado. O tal cara do nariz vermelho alimentava ali o seu ego através do humor de má qualidade.

Sinto que ao me levantar da arquibancada, toda a plateia se fez não acreditada por algo que não se esperava. Não vejo ali um “grand finale”, vejo papeis caindo de um alto que não tem relevância, e fez você perder o intenso significado da razão que nunca deixou participar de uma emoção necessária.

O espetáculo chegou ao fim. Não há cortinas a serem fechadas, pois tudo se escancarou frente a esses olhos que sempre viram minhas mãos aplaudindo seus feitos. Entenda: os seus bons feitos. Não deixo nada se comparar a tal inconsequência em deixar um fã ir embora. Cessaram as vendas de tickets, pois dessa vez o show não vai continuar.

Dizem que o sucesso de um número é feito pela soma de uma boa atuação e a verdade que se traz nos olhos. E acredito que dessa forma o fracasso da atração se faz compreensível. Encenação barata, fraca e sem emoção é o que se viu. Respeitável público, o melhor é ver que ali não se teve o que se procurava e admitir que a sorte não fora bem-vinda.



Finalizo.
Murilo de Carvalho