segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Autobiografia que nem se escreveu

Nascia eu,
gordo, branco e com muito cabelo.
Assim dizia mamãe
com olhos brilhantes e de largo sorriso.

Bebê mais lindo que aquele hospital já vira.
Mas não é que até a velha coruja
acha seus filhotes tão lindos e em nada são.
No entanto, dizia que era.

Um mês de peito e já não queria mais...
O leite era fraco.
Partiu para mamadeiras e, logo,
sem nem mesmo engatinhar, já viriam os primeiros passos.

O macho e a fêmea disputavam pela primeira fala,
mas ela saiu nítida como nem se parecesse primeira
e para aquela que sempre esbanjou carinho.
Falei 'bobó' e a avó se derreteu em prantos.

De lá não parei mais.
Colégios, faculdades e ainda não saí da última.
Mas acho que é só questão de tempo.
Parece já estar traçado.

Seguir os passos da mãe e se dedicar ao ensino?
Talvez isso realmente seja algo que me realize.
Mas desde que um fato inusitado (e catastrófico) aconteceu,
Os sonhos foram trocados pela esperança.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

domingo, 26 de setembro de 2010

Aquele céu brilhante...

Não era um simples mês,
Era um mês de tristezas.
E elas eram tão grandes
Que nem ao menos me recordo qual o mês.

Doia tanto ouvir uma música
E assim me lembrar do teu rosto.
Lembrar do cheiro, do sabor...
O coração estava destruído.

As lágrimas vinham como chuva.
Aquele sentimento me rasgava como um trovão.
E a distância entre nós aumentava a cada dia
Como se um vendaval nos afastasse.

Às vezes queria que o tempo voltasse
E eu pudesse sentir aquela dor novamente.
Não porque me fazia bem,
Mas porque me mostrava quanto amor eu alimentava.

Não adianta apenas estender as mãos.
Nem ao menos dizer que está ao meu lado.
Preciso de luz que faça flutuar
De um novo Sol ao amanhecer.

Faça-me novo. Reivente-me.
Se ainda preferir me mate todos os dias.
Peço isso não para que me esqueça,
Mas para que tenha a certeza do quanto te faria falta.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Caro Setembro

Lembro-me de ti
Suave e harmonioso.
Um mês de surpresas
E principalmente de comemorações.

Éramos nós:
Novos, inocentes e esperançosos.
Comemorando aniversários e mais aniversários.
E quem disse que isso bastava?

Gostei daquele sonho
Sonhado todos os dias
E jamais concretizado
Por uma força muito maior.

Mas é muito mais bonito lembrar assim:
Das nuvens as quais nós flutuávamos.
Ou talvez, quem sabe,
Éramos nós quem fazia tudo flutuar.

Saudades de um mês que prolongou-se...
Mas saudades ainda mais de você que nunca chegou.
Sinto o beijo que nunca aconteceu.
Sinto o abraço que nunca me apertou.

Mas sonho a cada novo Setembro
Que você chegará.
E ainda que me despertará
Para novos e conquistadores sonhos.



Finalizo.
Murilo de Carvalho