Acabou inspiração? Onde enfiei todas essas palavras que saiam tão
facilmente?
Enterrei? Joguei-as no lixo? Lancei no vento! Eu nem quero pensar onde foi
tudo parar.
Palavras ao vento são como folhas secas, que se debandam sem força, sem
vontade, sem direção e, o pior, sem volta.
É, acho que estou entendendo muito bem tal significado.
Conversar com as pessoas que sentem dor, de uma forma muito estranha,
me inspira. Acho que olho sofrimentos hoje como apenas grandes degraus. Piso
firme e sem medo de cair, porque sei que sempre vou rolar escada abaixo.
Poço seco? Não sei se deixei secar ou se o que eu realmente quis foi
fazer tudo se tornar um grande motivo de celebração. Parece que não há mais
espaço para lágrimas e mágoas. Um olhar que saiu das nuvens carregadas de
escuro e se fez brilhar.
Cansei de viver as metáforas e selos que fingem dar um sentido
desejado. Parei de me importar com aquele comentário maldoso sobre quem mal me
conhece ou aquele olhar que me repreende.
Talvez seja por esse motivo que me sinto tão pronto para me aventurar.
Mas o que preciso entender é que nem todos estão preparados para voos altos. E
apesar da altitude, os pés sempre tocam o solo rochoso.
Viver sem segredos, vida transparente e sem receios.
Tudo cessou. A alma apenas quer sorrir.