segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Autobiografia que nem se escreveu

Nascia eu,
gordo, branco e com muito cabelo.
Assim dizia mamãe
com olhos brilhantes e de largo sorriso.

Bebê mais lindo que aquele hospital já vira.
Mas não é que até a velha coruja
acha seus filhotes tão lindos e em nada são.
No entanto, dizia que era.

Um mês de peito e já não queria mais...
O leite era fraco.
Partiu para mamadeiras e, logo,
sem nem mesmo engatinhar, já viriam os primeiros passos.

O macho e a fêmea disputavam pela primeira fala,
mas ela saiu nítida como nem se parecesse primeira
e para aquela que sempre esbanjou carinho.
Falei 'bobó' e a avó se derreteu em prantos.

De lá não parei mais.
Colégios, faculdades e ainda não saí da última.
Mas acho que é só questão de tempo.
Parece já estar traçado.

Seguir os passos da mãe e se dedicar ao ensino?
Talvez isso realmente seja algo que me realize.
Mas desde que um fato inusitado (e catastrófico) aconteceu,
Os sonhos foram trocados pela esperança.



Finalizo.
Murilo de Carvalho

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